Nessas andanças como recenseador neste censo2010, algumas imagens surgiram mais fortes na minha mente.
Numa delas não consigo esquecer a figura de duas criancinhas, uma menina de uns dois aninhos e pouco e um menino de pouco mais de um ano. Ao lado da avó, aguardavam o desenrolar da entrevista. Estávamos sentados próximos à mesa da cozinha, que deveria ser também uma sala.
A senhora não era assim tão idosa, deveria ter pouco mais de 50, mas estava meio acabada. Lidando sózinha com os dois netinhos.
Tinha algumas jujubas no bolso, e as entreguei, para os dois e foi o bastante para alegrá-los.
O lugar cheirava muito forte à mofo. Naquela casa havia morrido um bebê de pouco mais de um mês.
Aqueles anjinhos estavam sujeitos à isto.
Mais adiante na vizinhança fiquei sabendo, que a mãe daquelas crianças era viciada em drogas, e às vezes aparecia por ali em estado deplorável. E largava seus filhos pra mãe cuidar.
Vi várias jovens próximas dos dezoito anos, já com filho no colo. Outras grávidas.
É incrível que por mais que se tente divulgar a necessidade de se preservar, ainda há a falta de informação e cuidados. Acho que isto deve mesmo começar logo nos primeiros anos de escola.
Também encontrei um casal de idosos, que sobrevivia com um salário mínimo. A filha havia morrido, e o genro, simplesmente largou o filho na casa dos avós e desapareceu. O avô, que é analfabeto, reclamava da dificuldade para conseguir cuidar do neto, diante da situação que viviam.
Na mesma região em que vi estas cenas, a prefeitura de SP inaugurava uma quadra esportiva, numa associação de amigos, e que viria a funcionar ao lado de uma creche. Um alento.
Também me lembro de um momento mais descontraído, num trecho de bairro pouco mais nobre, quando a menina de 10 anos, filha única, pediu para que registrasse seus rendimentos mensais: 40 Reais de mesada.
Um bom começo. Mas em tom também descontraído, sugeri que tentasse pedir um aumento.
Que diferença. De situação e de atitude.
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