terça-feira, dezembro 05, 2006

ATRAVESSANDO..

Por: Roberto Zaghini Jorge
Publicado pela 1ª vez em Lembrei muito de você quando atravessei a rua sozinho pela primeira vez, os carros passavam e eu ouvia sua voz:
- Filho preste muita atenção quando for atravessar a rua, olhe bem para os dois lados..
- Eu olhava, até prestava atenção, mas gostava mesmo de ouvir sua voz.
Conto: Atravessando..
Por: Roberto Zaghini
Se há algo que o tempo não apaga são as boas lembranças, ainda mais quando se tratam de lembranças da mamãe.
Pensando bem, você tinha razão, eu corria olhando para o céu querendo alcançar as pipas com suas linhas cortadas pelo cerol, e nem sempre prestava atenção na rua.
Também corria feito louco quando.. Você lembra? É que eu e meus amigos pensávamos em ser bons jogadores de futebol, que a gente tinha um chute muito forte, só que a pontaria ainda não estava bem treinada, aí aquela vez do vidro da janela do banheiro..
Foi uma correria, mas meio sem jeito eu ainda voltei pra me explicar. No primeiro momento você estava nervosa, assustada, mas logo se preocupou com o jeito que todos saíram correndo na rua, inclusive eu.
Teve também aquela primeira cartinha que escrevi na escola em homenagem a mamãe e ela guardava com carinho: "Pra mim você é a pessoa mais bonita deste mundo, eu te amo".. Mas o tempo passou e o menino cresceu, e já homem feito atravessou cidades, o céu e o mar em longas viagens. Um dia voltou, mais perto de sua mamãe.
Mas, sabe como são as coisas, isto aqui também é uma passagem e um dia a mamãe atravessou para uma outra vida.
Em meio ao trânsito de São Paulo o menino homem aguardava o sinal para atravessar a avenida Paulista, na faixa de pedestres. Aproximava-se o dia das mães e havia muita propaganda espalhada pela cidade. Pintou o sinal verde, ele olhou para os dois lados e foi em frente, com um leve sorriso no rosto..

quinta-feira, novembro 16, 2006

A PRIMAVERA CHEGOU?


As flores começam aparecer enfeitando os lugares, numa rua aqui, noutra ali, uma árvore que antes só apresentava folhas verdes hoje está repleta de flores amarelas, é o sinal da primavera. Ela veio pra enfeitar, alegrar trazendo mais cores.
Conto: A primavera chegou?
Por: Roberto Zaghini
Acompanhamos as mudanças climáticas até sem perceber o sentido da mudança, quando nem se dá conta prono lá estamos no inverno. Uma blusa aqui, um agasalho ali e tome correria. Viver numa cidade grande como São Paulo representas muitas vezes não ter tempo nem pra olhar para ao céu e notar se há estrelas, se a lua está lá, se está cheia, ou meia. Se alguém lhe perguntar um dia:
- Você sabe que alua estamos atravessando agora?
Sinceramente você saberia responder?
As mudanças no clima vem no mesmo sentido, a maioria das pessoas está até a tampa de compromissos, preocupações e informações de todo tipo que nem sempre é capaz de notar o clima natural em que vive.
- Compre isso, cmpre aquilo, olha que promoção imperdível de geladeiras, e esse computador então.. Ah você vai deixar de vir aqui amanhã com uma moleza dessas ta tudo parcelado e com juros ó baixinho.. vem pra cá, vem comprar..
Você nem é máquina de consumir, mas é tratado assim. Normal para os dias de hoje, tudo tem que ser produzido e vendido e alguém tem de consumir.
O céu, a lua, o tempo e as flores não vão fazer qualquer promoção em doze vezes sem juros nem bater à sua porta através da TV ou do computador pra que você preste atenção e veja, absorva esta mudança. Você terá de notar por você mesmo, perceber e tentar acompanhar a mudança do clima. Os pássaros fazem isso com perfeição, cantam revoam, acasalam sempre de acordo com as mudanças do tempo. As plantas da mesma forma acompanham o tempo e a lua, elas sim sabem se o momento é de lua cheia, meia lua ou sem luar. Elas vivem perfeitamente acompanhando as mudanças do clima.
- Não perca só esta semana você vai poder assistir o homem Aranha em promoção nos cinemas.
- Anaconda dois, a serpente, o filme que você não vai esquecer.
E certamente também não vai usar pra nada, você já viu algum homem aranha na rua? E uma enorme serpente..?
Coisas inúteis, invadem sua consciência e de repente não há espaço até mesmo pra se perceber o que a natureza está apresentando pra você hoje.
Talvez seja por isso, por tantas coisas inúteis e vazias oferecidas num bombardeio diário e intensificado que nós muitas vezes, apesar das belas apresentações da natureza, continuamos num mesmo clima interior, beirando o inverno.