O CLONE DO PARAGUAI
Por: Roberto Zaghini Jorge
Publicado pela 1ª vez em agosto de 2001 no jornal tablóide Multiforça/ SP
Você observou bem Wang? Preste atenção nele, não acha que tem um jeitão estranho?
Não estou entendendo Sr. Chang, me parece tudo normal, veja: tem todas suas características, o nariz, o cabelo, as orelhas.
Compreendo, sei que é meu filho, mas esse jeitão estranho está me preocupando. Esse acoete.
Ás vezes ele balança a cabeça afirmativamente, depois de um lado para outro e riozinho.
Conto: O CLONE DO PARAGUAI
Por: Roberto Zaghini
No início do século XXI houve muita polêmica em torno de estudos sobre células reprodutoras. O projeto genoma anunciava a possibilidade de retirada do núcleo de uma célula embrião e a substituição pelo núcleo de uma célula comum abrindo a possibilidade de alterar o código genético de um ser, a clonagem propriamente dita. Mas isso ocorreu logo no início do século, e no decorrer dos anos novos estudos tiveram prosseguimento, alguns oficiais e muitos extraoficiais movidos a inúmeros interesses.
Wang Ramires tinha muito de chinês, a alma talvez, mas era sul americano um pouco brasileiro, e bem paraguaio. Seus avós, estes sim vieram da China, fritando pastéis sobreviveram em São Paulo iniciando o império da família no continente em 1970.
04 Ô China faz um "pastéis" de carne e traz dois "caldo" de cana.
Essa atividade também gerou algum problema na fala do português correto, mas foi pouco notado em São Paulo, exceto alguma observação entre cariocas, mas sem grande importância.
Seus pais logo perceberam, em 1990 , que fritar pastéis em São Paulo não era mais compensador e procuraram adequar-se ao novo tempo.
Começaram a mexer com muambas, neste período a China copiava de tudo: de um aparelho de TV, a um CD e para quem dominasse a língua chinesa não era difícil estabelecer contatos e agilizar a ponte entre os continentes. No início importava alguns produtos e vendia numa pequena loja no centro de São Paulo, depois passou a importar mais e distribuía a diversas lojas, até que se mudou para o Paraguai em 2005, levando consigo o pequeno filho Wang de 2 anos, deixando seus pais e tornando-se grande distribuidor de muambas eletrônicas.
05 Sr. Chung na próxima remessa seria possível trazer alguns vídeo games meia boca, desculpe, chineses junto com aparelho DVD, uns trinta está bem?
Assim o império da família teve prosseguimento, mas nem todos os filhos sentiam-se felizes trabalhando com os pais, já estabelecidos no Paraguai.
Wang Ramires mesmo era um deles, apegou-se a uma das muambas comercializadas aos montes pelos seus pais: o computador. A partir de então aproximadamente em 2013 acompanhava de tudo n mundo das pesquisas, cientificas principalmente.
A experiência inicial da clonagem ele realizou logo aos treze anos de idade com a gata da própria família. Conseguiu gerar outra tão igual, que em silêncio sem que ninguém percebesse trocou pelo clone e a família nem notou. Um mês depois trouxe e volta a primeira gata e gerou também a primeira polêmica em sua casa: quem era quem?
Wang Ramires apresentava o biotipo chinês, era magro alto, pele amarela e no mundo dos estudos não se contentava com pouco, a exemplo de sua família no setor financeiro. Ele sempre desejou conhecer mais e mais. Não se contentava com a realização humana de conseguir transportar o núcleo de uma célula comum para substituir o núcleo de uma célula embrião. Wang Ramirez queria muito mais que isso, num laboratório seu, instalado em sua casa próximo a Assunção no Paraguai, aproximadamente no ano 2025, desenvolvia estudos misteriosos.
A pretensão era grandiosa: dividir o núcleo de uma célula comum em várias partes possibilitando a fusão de vários genes, para formar alguém com várias características importantes para aturar em determinados setores da atividade humana.
Havia a necessidade de reforçar características esportivas associadas a características zen, tranqüilidade, profundidade, perseverança. Havia ainda a possibilidade de classificação além de determinadas características, por regiões de antecedentes: européia, asiática, africana, americana do sul, do norte..
Enquanto desenvolvia clones à pedidos geralmente de pessoas que o conheciam, Wang Ramirez manteve sempre em andamento sua pesquisa sobre divisão do núcleo de uma célula.
Os pedidos de clonagem vinham geralmente de chineses interessados em gerar filhos com suas próprias características à fim de garantir o prosseguimento dos negócios da família. Mas Wang Ramirez, o inquieto, estudioso não perdia oportunidade em testar novas experiências sobretudo incluindo no núcleo da célula embrião encomendada sem que ninguém até então notasse, uma pequena parte, uma partícula de si próprio.
E realmente Wang Ramirez tinha um cacoete inconfundível que o denunciava, era possível reconhecê-lo em meio a inúmeras pessoas numa praça ou num café em meio a várias mesas repletas de pessoas.
Sempre pensativo quando alcançava algum ponto positivo em suas análises costumava balançar a cabeça afirmativamente e depois para os lados sorrindo.. não importava onde estivesse ele nem sedava conta disso, mas era absolutamente brilhante alcançando sempre o que queria nos estudos.
Eram momentos de mudanças rápidas visando o bem estar do ser humano mas ainda não atendendo a todos, quem me contou foi um *VT. Dinheiro por exemplo resumia-se a um cartão magnético com informações individuais contendo as impressões digitais do portador e que trazia um número grande que o identificava, era carregado conforme os recebimentos de salários, serviços prestados, etc.. E gasto no dia a dia com simples operações de baixa feita num terminal simples, sem fio. O trânsito era tranqüilo, haviam múltiplos sistemas, os de trilho por exemplo com veículos que trafegavam por diversas linhas em longos viadutos e saíam em alguns pontos assumindo a forma rodoviária de trafegar para chegar a algum local específico.. havia ainda transportes aéreos de diferentes altitudes à partir de 2 metros de altura até 10 metros representando diferentes vias, todas com pontos específicos e cuidadosamente seguros para aterrissagem.
Inúmeras eram as novidades em relação ao início do século XXI, muitas pessoas ligadas a espiritualidade costumavam dizer que o tempo desta vida terrena estava chegando ao fim e que praticamente não havia mais tempo para reencarnação, assumir nova vida à fim de aprimorar a alma. Por isso mesmo algumas pessoas inteligentes e supostamente evoluídas muitas vezes sem se dar conta deste aspecto obedeciam na realidade ao clamor de suas almas utilizando a clonagem na tentativa de multiplicar-se, buscando assim maior aprimoramento antes que esta vida se esgotasse.
Nesta época corria um boato que um importante político sul americano, na cidade de São Paulo havia solicitado a clonagem de um filho. O Brasil por sua vocação pacífica era então um grande país expoente, destacado em todo o mundo. Suas posições eram sempre levadas em alta consideração pelos demais países de outros continentes que admiravam a mistura e a convivência entre povos de diferentes origens num maravilhoso lugar. Contava-se que o menino tinha um semblante, um jeitão de muita inteligência. Os poucos que o observaram discretamente diziam que ele era muito pensativo, às vezes balançava a cabeça afirmativamente e depois para os lados sorrindo. Diziam que pelo cacife político do pai, tinha tudo para um dia ser presidente.
A propósito, a abreviação VT usada anteriormente quer dizer, viajante do tempo.
Livre para comentar:
robzmf@yahoo.com.br
Por: Roberto Zaghini Jorge
Publicado pela 1ª vez em agosto de 2001 no jornal tablóide Multiforça/ SP
Você observou bem Wang? Preste atenção nele, não acha que tem um jeitão estranho?
Não estou entendendo Sr. Chang, me parece tudo normal, veja: tem todas suas características, o nariz, o cabelo, as orelhas.
Compreendo, sei que é meu filho, mas esse jeitão estranho está me preocupando. Esse acoete.
Ás vezes ele balança a cabeça afirmativamente, depois de um lado para outro e riozinho.
Conto: O CLONE DO PARAGUAI
Por: Roberto Zaghini
No início do século XXI houve muita polêmica em torno de estudos sobre células reprodutoras. O projeto genoma anunciava a possibilidade de retirada do núcleo de uma célula embrião e a substituição pelo núcleo de uma célula comum abrindo a possibilidade de alterar o código genético de um ser, a clonagem propriamente dita. Mas isso ocorreu logo no início do século, e no decorrer dos anos novos estudos tiveram prosseguimento, alguns oficiais e muitos extraoficiais movidos a inúmeros interesses.
Wang Ramires tinha muito de chinês, a alma talvez, mas era sul americano um pouco brasileiro, e bem paraguaio. Seus avós, estes sim vieram da China, fritando pastéis sobreviveram em São Paulo iniciando o império da família no continente em 1970.
04 Ô China faz um "pastéis" de carne e traz dois "caldo" de cana.
Essa atividade também gerou algum problema na fala do português correto, mas foi pouco notado em São Paulo, exceto alguma observação entre cariocas, mas sem grande importância.
Seus pais logo perceberam, em 1990 , que fritar pastéis em São Paulo não era mais compensador e procuraram adequar-se ao novo tempo.
Começaram a mexer com muambas, neste período a China copiava de tudo: de um aparelho de TV, a um CD e para quem dominasse a língua chinesa não era difícil estabelecer contatos e agilizar a ponte entre os continentes. No início importava alguns produtos e vendia numa pequena loja no centro de São Paulo, depois passou a importar mais e distribuía a diversas lojas, até que se mudou para o Paraguai em 2005, levando consigo o pequeno filho Wang de 2 anos, deixando seus pais e tornando-se grande distribuidor de muambas eletrônicas.
05 Sr. Chung na próxima remessa seria possível trazer alguns vídeo games meia boca, desculpe, chineses junto com aparelho DVD, uns trinta está bem?
Assim o império da família teve prosseguimento, mas nem todos os filhos sentiam-se felizes trabalhando com os pais, já estabelecidos no Paraguai.
Wang Ramires mesmo era um deles, apegou-se a uma das muambas comercializadas aos montes pelos seus pais: o computador. A partir de então aproximadamente em 2013 acompanhava de tudo n mundo das pesquisas, cientificas principalmente.
A experiência inicial da clonagem ele realizou logo aos treze anos de idade com a gata da própria família. Conseguiu gerar outra tão igual, que em silêncio sem que ninguém percebesse trocou pelo clone e a família nem notou. Um mês depois trouxe e volta a primeira gata e gerou também a primeira polêmica em sua casa: quem era quem?
Wang Ramires apresentava o biotipo chinês, era magro alto, pele amarela e no mundo dos estudos não se contentava com pouco, a exemplo de sua família no setor financeiro. Ele sempre desejou conhecer mais e mais. Não se contentava com a realização humana de conseguir transportar o núcleo de uma célula comum para substituir o núcleo de uma célula embrião. Wang Ramirez queria muito mais que isso, num laboratório seu, instalado em sua casa próximo a Assunção no Paraguai, aproximadamente no ano 2025, desenvolvia estudos misteriosos.
A pretensão era grandiosa: dividir o núcleo de uma célula comum em várias partes possibilitando a fusão de vários genes, para formar alguém com várias características importantes para aturar em determinados setores da atividade humana.
Havia a necessidade de reforçar características esportivas associadas a características zen, tranqüilidade, profundidade, perseverança. Havia ainda a possibilidade de classificação além de determinadas características, por regiões de antecedentes: européia, asiática, africana, americana do sul, do norte..
Enquanto desenvolvia clones à pedidos geralmente de pessoas que o conheciam, Wang Ramirez manteve sempre em andamento sua pesquisa sobre divisão do núcleo de uma célula.
Os pedidos de clonagem vinham geralmente de chineses interessados em gerar filhos com suas próprias características à fim de garantir o prosseguimento dos negócios da família. Mas Wang Ramirez, o inquieto, estudioso não perdia oportunidade em testar novas experiências sobretudo incluindo no núcleo da célula embrião encomendada sem que ninguém até então notasse, uma pequena parte, uma partícula de si próprio.
E realmente Wang Ramirez tinha um cacoete inconfundível que o denunciava, era possível reconhecê-lo em meio a inúmeras pessoas numa praça ou num café em meio a várias mesas repletas de pessoas.
Sempre pensativo quando alcançava algum ponto positivo em suas análises costumava balançar a cabeça afirmativamente e depois para os lados sorrindo.. não importava onde estivesse ele nem sedava conta disso, mas era absolutamente brilhante alcançando sempre o que queria nos estudos.
Eram momentos de mudanças rápidas visando o bem estar do ser humano mas ainda não atendendo a todos, quem me contou foi um *VT. Dinheiro por exemplo resumia-se a um cartão magnético com informações individuais contendo as impressões digitais do portador e que trazia um número grande que o identificava, era carregado conforme os recebimentos de salários, serviços prestados, etc.. E gasto no dia a dia com simples operações de baixa feita num terminal simples, sem fio. O trânsito era tranqüilo, haviam múltiplos sistemas, os de trilho por exemplo com veículos que trafegavam por diversas linhas em longos viadutos e saíam em alguns pontos assumindo a forma rodoviária de trafegar para chegar a algum local específico.. havia ainda transportes aéreos de diferentes altitudes à partir de 2 metros de altura até 10 metros representando diferentes vias, todas com pontos específicos e cuidadosamente seguros para aterrissagem.
Inúmeras eram as novidades em relação ao início do século XXI, muitas pessoas ligadas a espiritualidade costumavam dizer que o tempo desta vida terrena estava chegando ao fim e que praticamente não havia mais tempo para reencarnação, assumir nova vida à fim de aprimorar a alma. Por isso mesmo algumas pessoas inteligentes e supostamente evoluídas muitas vezes sem se dar conta deste aspecto obedeciam na realidade ao clamor de suas almas utilizando a clonagem na tentativa de multiplicar-se, buscando assim maior aprimoramento antes que esta vida se esgotasse.
Nesta época corria um boato que um importante político sul americano, na cidade de São Paulo havia solicitado a clonagem de um filho. O Brasil por sua vocação pacífica era então um grande país expoente, destacado em todo o mundo. Suas posições eram sempre levadas em alta consideração pelos demais países de outros continentes que admiravam a mistura e a convivência entre povos de diferentes origens num maravilhoso lugar. Contava-se que o menino tinha um semblante, um jeitão de muita inteligência. Os poucos que o observaram discretamente diziam que ele era muito pensativo, às vezes balançava a cabeça afirmativamente e depois para os lados sorrindo. Diziam que pelo cacife político do pai, tinha tudo para um dia ser presidente.
A propósito, a abreviação VT usada anteriormente quer dizer, viajante do tempo.
Livre para comentar:
robzmf@yahoo.com.br
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