As pessoas transitavam de um lado para outro e em certos locais se avolumavam, principalmente no início do calçadão, bem no centro de Osasco. Sem se dar conta dá para ficar impressionado com tanta gente se movimentando e as vezes nos detemos sem perceber, apenas observando, as cores, o movimento de cada um e de todos ao mesmo tempo
Distraído com olhar perdido entre as pessoas devo ter permenecido por alguns minutos próximo ao início da escadaria que dá acesso a estação de trem da CPTM (Companhia de Trens Metropolitanos) até que dedidi subir, uma longa escadaria de uns vinte metros. Lá em cima ainda arrisquei mais um olhar em direção ao calçadão, mas parece que não fazia mais sentido aquela observação, não dava para ver com a mesma graça de antes o movimento das pessoas e também algo que atraía a atenção não estava mais naquela direção e ainda nem sabia o que era e nem o porque.
Segui em frente ultrapassando as catracas em direção à plataforma descendo dois lances de escadas. Era início de noite aproximadamente sete horas e ainda havia muita movimentação de pessoas, mesmo assim consegui um bom lugar para sentar ao lado da janela na direção em que o trem percorreria, sentido Jurubatuba em São Paulo, passando ao longo do rio Pinheiros.
O trem era até confortável, lembrava o metrô com a vantagem do som interno e naquela noite rolava um blues. Enquanto estava parado na estação inicial apenas passagerios acomodavam-se nos bancos, sabia que no decorrer da viagem vendedores ambulantes driblavam a segurança oferecendo seus produtos na luta pela sobrevivência. E aí em meio ao som começou o trajeto.
Fiquei imaginando uma vigem no metrô, a composição em alta velocidade passando em túneis de concreto tudo transmitindo uma sensação de alta tecnologia e precisão e principalmente as pessoas evitando olhares diretos, comportando-se como se estivessem num elevador. Nesse trem em que estava, também conhecido como "trem espanhol" essa sensação de alta tecnologia, precisão e solidão, vez por outra era quebrada pelo som ambiente ou..
- Dez bombons com cobertura de chocolate por um real, olha aí é barato mesmo!!
- Drops refrescantes só cinquenta centavos ..
Vendedores ambulantes entravam no trem nas diversas estações, driblando a vigilância tentando sobreviver. O som de blues continuava rolando pelos alto falantes do vagão e pela janela observava as águas escuras do rio Pinheiros onde algumas luzes e luminosos de prédios se refletiam compondo uma trilha sonora de um filme que por sinal estava apenas começando.
As margens do rio Pinheiros contrastavam com aquelas águas poluídas com um verde planejado, pelo projeto pomar e meu olhar buscava comparação de uma margem a outra entre as luzes refletidas no rio.
Várias estações haviam passado, Presidente Altino ainda em Osasco, Ceasa, Jaguaré, Cidade Universitária, Pinheiros, àquela altura deveria estar próximo a cidade Jardim. As luzes refletindo no rio, as margens verdes e o som de blues de alguma forma me levaram ao lado externo do trem. Dava para ver os vagões claros, iluminados em meio à noite, via também o contorno de minha própria cabeça encostada na janela. Flutuando acima do chão acompanhava o ritimo do trem.. Para minha surpresa avistei sobre um trecho do rio Pinheiros alguma névoa e dela submergiram algumas pessoas que rapidamente aproximaram-se de mim, pensei em voltar para o trem mas aparentemente naquele momento não havia jeito, talvez estivesse sonhando, mas não conseguia acordar. Todos eles, uns cinco, usavam capa preta que tremulava na velocidade junto com o trem. De minha parte tinha a preocupação de continuar acompanhando o ritimo para não me perder de mim mesmo, de minha própria cabeça.
Um dos indivíduos que estavam atrás de mim fez menção de me alcançar com o braço esticado e tocou a ponta da manga de minha camisa e com isso fez com que distanciasse da janela onde eu mesmo estava com a cabeça encostada e para meu espanto comecei a distanciar de mim mesmo.. Assustei, tentei desvencilhar-me do indivíduo e passei a ver em seu rosto já com o trem nos ultrapassando, dois grandes dentes, algumas gotas de sangue saíam de suas mandíbulas esboçando um sorriso. Pude assimilar, tratava-se de um vampiro e os demais abriram seus braços como morcegos, talvez aguardando sua vez. Olhei para trás e o trem começava a se distanciar cada vez mais, reuni toda a minha força e concentração de pensamento e num súbito empurrão livrei-me daquele vampiro que foi parar nos braços dos outros quatro que acompanhavam.
Fui alcançando o trem novamente e ainda flutuando sobre o chão, podia ver os trilhos e as rodas do trem e ao lado o rio Pinheiros. Alcancei a janela onde estava, vi meu próprio rosto dormindo encostado à janela. Então acordei assustado, olhei para o interior do vagão e os passageiros que já eram em número menor estavam tranquilos em seus assentos, o som de blues continuava rolando agradavelmente. Estávamos aproximando da estação Socorro, ouvi ainda uma sirene de uma viatura do resgate percorrendo a marginal Pinheiros, talvez em busca de socorrer alguma vítima, pensei.
Voltei o olhar para o rio Pinheiros, suas águas escuras e poluídas tinham agora poucos reflexos, a não ser de alguns vagões. Nesta região os poucos prédios e galpões industriais estavam mais distantes das margens, parecia que haviam algumas sombras acompanhando o trem, mas não dava para definir ao certo. Que sonho, pensei.. Aquele rosto, ou melhor aqueles rostos, não eram de todo desconhecidos, pareciam-se com personalidades que já havia visto antes, talvez nas páginas de jornais na seção de política internacional.
Talvez os conhecesse dos tempos de hoje ou quem sabe de uns 250 anos atrás. Chegávamos agora à estação terminal Jurubatuba e mais tranquilo, depois daquele sonho, desci do trem, o clima era ameno, temperatura agradável, atravessando as catracas caminhei decidido na noite, certo que estava chegando no horário, sem atraso.
Distraído com olhar perdido entre as pessoas devo ter permenecido por alguns minutos próximo ao início da escadaria que dá acesso a estação de trem da CPTM (Companhia de Trens Metropolitanos) até que dedidi subir, uma longa escadaria de uns vinte metros. Lá em cima ainda arrisquei mais um olhar em direção ao calçadão, mas parece que não fazia mais sentido aquela observação, não dava para ver com a mesma graça de antes o movimento das pessoas e também algo que atraía a atenção não estava mais naquela direção e ainda nem sabia o que era e nem o porque.
Segui em frente ultrapassando as catracas em direção à plataforma descendo dois lances de escadas. Era início de noite aproximadamente sete horas e ainda havia muita movimentação de pessoas, mesmo assim consegui um bom lugar para sentar ao lado da janela na direção em que o trem percorreria, sentido Jurubatuba em São Paulo, passando ao longo do rio Pinheiros.
O trem era até confortável, lembrava o metrô com a vantagem do som interno e naquela noite rolava um blues. Enquanto estava parado na estação inicial apenas passagerios acomodavam-se nos bancos, sabia que no decorrer da viagem vendedores ambulantes driblavam a segurança oferecendo seus produtos na luta pela sobrevivência. E aí em meio ao som começou o trajeto.
Fiquei imaginando uma vigem no metrô, a composição em alta velocidade passando em túneis de concreto tudo transmitindo uma sensação de alta tecnologia e precisão e principalmente as pessoas evitando olhares diretos, comportando-se como se estivessem num elevador. Nesse trem em que estava, também conhecido como "trem espanhol" essa sensação de alta tecnologia, precisão e solidão, vez por outra era quebrada pelo som ambiente ou..
- Dez bombons com cobertura de chocolate por um real, olha aí é barato mesmo!!
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Vendedores ambulantes entravam no trem nas diversas estações, driblando a vigilância tentando sobreviver. O som de blues continuava rolando pelos alto falantes do vagão e pela janela observava as águas escuras do rio Pinheiros onde algumas luzes e luminosos de prédios se refletiam compondo uma trilha sonora de um filme que por sinal estava apenas começando.
As margens do rio Pinheiros contrastavam com aquelas águas poluídas com um verde planejado, pelo projeto pomar e meu olhar buscava comparação de uma margem a outra entre as luzes refletidas no rio.
Várias estações haviam passado, Presidente Altino ainda em Osasco, Ceasa, Jaguaré, Cidade Universitária, Pinheiros, àquela altura deveria estar próximo a cidade Jardim. As luzes refletindo no rio, as margens verdes e o som de blues de alguma forma me levaram ao lado externo do trem. Dava para ver os vagões claros, iluminados em meio à noite, via também o contorno de minha própria cabeça encostada na janela. Flutuando acima do chão acompanhava o ritimo do trem.. Para minha surpresa avistei sobre um trecho do rio Pinheiros alguma névoa e dela submergiram algumas pessoas que rapidamente aproximaram-se de mim, pensei em voltar para o trem mas aparentemente naquele momento não havia jeito, talvez estivesse sonhando, mas não conseguia acordar. Todos eles, uns cinco, usavam capa preta que tremulava na velocidade junto com o trem. De minha parte tinha a preocupação de continuar acompanhando o ritimo para não me perder de mim mesmo, de minha própria cabeça.
Um dos indivíduos que estavam atrás de mim fez menção de me alcançar com o braço esticado e tocou a ponta da manga de minha camisa e com isso fez com que distanciasse da janela onde eu mesmo estava com a cabeça encostada e para meu espanto comecei a distanciar de mim mesmo.. Assustei, tentei desvencilhar-me do indivíduo e passei a ver em seu rosto já com o trem nos ultrapassando, dois grandes dentes, algumas gotas de sangue saíam de suas mandíbulas esboçando um sorriso. Pude assimilar, tratava-se de um vampiro e os demais abriram seus braços como morcegos, talvez aguardando sua vez. Olhei para trás e o trem começava a se distanciar cada vez mais, reuni toda a minha força e concentração de pensamento e num súbito empurrão livrei-me daquele vampiro que foi parar nos braços dos outros quatro que acompanhavam.
Fui alcançando o trem novamente e ainda flutuando sobre o chão, podia ver os trilhos e as rodas do trem e ao lado o rio Pinheiros. Alcancei a janela onde estava, vi meu próprio rosto dormindo encostado à janela. Então acordei assustado, olhei para o interior do vagão e os passageiros que já eram em número menor estavam tranquilos em seus assentos, o som de blues continuava rolando agradavelmente. Estávamos aproximando da estação Socorro, ouvi ainda uma sirene de uma viatura do resgate percorrendo a marginal Pinheiros, talvez em busca de socorrer alguma vítima, pensei.
Voltei o olhar para o rio Pinheiros, suas águas escuras e poluídas tinham agora poucos reflexos, a não ser de alguns vagões. Nesta região os poucos prédios e galpões industriais estavam mais distantes das margens, parecia que haviam algumas sombras acompanhando o trem, mas não dava para definir ao certo. Que sonho, pensei.. Aquele rosto, ou melhor aqueles rostos, não eram de todo desconhecidos, pareciam-se com personalidades que já havia visto antes, talvez nas páginas de jornais na seção de política internacional.
Talvez os conhecesse dos tempos de hoje ou quem sabe de uns 250 anos atrás. Chegávamos agora à estação terminal Jurubatuba e mais tranquilo, depois daquele sonho, desci do trem, o clima era ameno, temperatura agradável, atravessando as catracas caminhei decidido na noite, certo que estava chegando no horário, sem atraso.
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